OUTRA VEZ COMERCIÁRIO
Do livro Do Miolo do Sertão
A História de Chico Rolim contada a Sebastião Moreira Duarte
pags. 51 a 52
Voltando novamente ao Melão, passada a seca, juntei-me aos meus irmãos e cuidamos de aproveitar nas vazantes do açude do Olho d‘Água, as mudas de arroz que eles plantaram. Ao mesmo tempo, tratamos de fazer outra vazante no açude do Boqueirão de Piranhas, um oásis naquele deserto.
Era uma canseira que não dava folga nem aos fins de semana, pois os domingos eram reservado para as viagens num domingo para o Olho d’ Água, noutro para o Boqueirão.
Pelos fins de maio de 1943, acabava eu de chegar em casa de uma dessas viagens, quando fui informado por minha irmã Alodias que o senhor Raimundo Dias me havia envidado uma carta, tratando de assunto comercial.
Nem cheguei a retirar a sela do animal. Apesar de já ter cavalgado por mais de doze léguas, segui imediatamente a Ipaumirim, para um atendimento pessoal como o meu ex- patrão.
-Vou abrir uma filial de tecido no Umari e quero saber se você aceita tomar conta dessa loja.
Respondi-lhe que sim, mas antecipei-lhe que não tinha experiência com tecidos.
-Isso é o menos,Chico. Quero saber se você enfrenta o negócio
-Quando o senhor quer ir ao Umari para acertar a escolha do ponto comercial?
-Isso vai depender de você.
-Pois, se depender de mim, vamos agora mesmo.
O velho ponderou que devíamos deixar para outra oportunidade a viagem, pois eu já havia puxado o cavalo por mais de 15 léguas naquele dia.
-Olhe, seu Raimundo, eu sou de opinião de que aquilo que se pode fazer hoje não se deixa para amanha.
Seguimos naquela mesma tarde para o Umari Lá deixamos o ponto alugado e reservado o hotel para o gerente. A loja seria inaugurada dentro do mais breve possível. Raimundo Dias iria fazer compras em Campina Grande e Recife. Eu ficaria em Ipaumirim para pegar um pouco de pratica de tecidos.
Inauguramos a loja a 12 de junho de 1943.